22 de janeiro de 2008

No matter how hard to believe

Maria, o teu último post tocou-me com uma precisão brutal (veio por GPS ;-)).

Resguardo-me, coloco a máscara. É uma protecção.
Por exemplo, sou capaz de ignorar uma pessoa, de lhe responder torto, porque gosto muito dela e não quero que ela me faça sofrer (outra vez, ou não). A outra pessoa, assume que eu tenho um comportamento distante em relação a ela, e aqui temos um ciclo vicioso. A coisa dá sempre para o torto. Aliás, já me disseram muitas vezes que sou distante, fria.
Custa-me confiar.

Talvez poucas pessoas se tenham apercebido do quão frágil por vezes me sinto. Eu não tenho que aguentar tudo, agir e sentir como se nada se passasse. As vezes também expludo, choro.
É-me difícil chorar desde que o meu pai morreu, então, quando acontece é porque estou mesmo transtornada ou já acumulei muito. Há alturas em que acho que uma simples pena trazida pelo vento seria o suficiente para me derrubar, para cair no abismo. Tantas outras vezes tento nem pensar no que me fragiliza, afastar esses sentimentos, essas ideias, pô-las de quarentena até o sistema estar de novo restabelecido para poder lidar com elas. Às vezes resulta. Mas perdem-se pedaços de nós, de uma história que poderia ser vivida.

Normalmente, sinto-me melhor depois de ter escrito no blog. O meu talento para a escrita não é muito, mas é suficiente (penso eu) para que me faça compreender, e compreender-me também. Ajuda-me a admitir a mim própria o que sinto, a organizar o emaranhado sentimental.

Até há relativamente pouco tempo nunca tinha perdido o controlo. A minha racionalidade dominava.
Ele fez-me perder qualquer resguardo. Sofri. Sim, fiz coisas parvas, mas o amor ou como lhe queiram chamar, é parvo também, e não me consegui controlar. Sofri, como sofreria se continuasse a enganar-me, a tentar esconder os meus sentimentos de mim.

No entanto, ainda dou por mim de máscara na mão, prestes a colocá-la. Ups, quando dou conta ela já lá está outra vez… Mas sabem que mais, eu aprendi alguma coisa. Aprendi que posso ser mais eu. Eu sou mais eu ao ser frágil.
E certas mudanças levam o seu tempo.

1 comentário:

busycat disse...

Estava a ler este post quando passou uma ambulância via covoes. Nem por acaso as analogias podem surgir assim. Mas este teu Chorar (tao facil pra mim como dificil pra ti) é como a sirene da ambulância... Só põe para fora a emergência que vai lá dentro.

beijo