16 de dezembro de 2008

A um ti que eu inventei

Pensar em ti é coisa delicada.
É diluir de tinta espessa e farta
e o passá-la em finíssima aguada
com um pincel de marta.

Um pesar graos de nada em mínima balança,
um amar de arames cauteloso e atento,
um proteger a chama contra o vento,
pentear cabelinhos de criança.

Um desembaraçar de linhas de costura,
um correr sobre lã que ninguém saiba e oiça,
um planar de gaivota como um lábio a sorrir.

Penso em ti com tamanha ternura
como se fosses vidro ou película de loiça
que apenas com o pensar te pudesses partir.


António Gedeão

2 comentários:

busycat disse...

oh menina Pips mas isto são horas de andar a escrever estas coisas tão bonitas? E dormir não? Ai, ai. Vamos lá a ver se tenho de telefonar mais vezes!!:P

beijo
cat

Unknown disse...

Última estrofe diz muito. Ispectacular. :)
Isso é tudo amor?