4 de janeiro de 2009

Tudo é foi

Fecho os olhos por instantes.

Abro os olhos novamente.
Neste abrir e fechar de olhos
já todo o mundo é diferente.

Já outro ar me rodeia;

outros lábios o respiram;
outros aléns se tingiram
de outro Sol que os incendeia.

Outras árvores se floriram;

outro vento as despenteia;
outras ondas invadiram
outros recantos de areia.


Momento, tempo esgotado,

fluidez sem transparência.
Presença, espectro da ausência,

cadáver desenterrado.


Combustão perene e fria.

Corpo que a arder arrefece.
Incandescência sombria.
Tudo é foi. Nada acontece.

António Gedeão

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